May 31, 2008

Algumas idéias sobre metodologias para o ensino de Administração na graduação

Gostaria de socializar algumas idéias que venho remoendo já algum tempo e talvez seja o momento de externá-las. As sugestões passam por três linhas, a saber:
A primeira entende que temos um aluno muito distante dos anos 70, diferente e atento para novas instigações. A segunda trata da aplicação dos conceitos teóricos e a terceira da infra-estrutura das salas de aula.

Diante deste triângulo, proponho um recheio um pouco diferente do que estamos acostumados, que somados ao método tradicional e as mudanças propostas pelos demais colegas professores e professoras possamos aprimorar o nosso curso de Administração. Abaixo segue algumas das idéias a serem discutidas.

a-) Volta da Educação Física (como disciplina ou buscando o conceito de transversalidade e de integração) no conjunto de disciplinas do curso ao longo dos quatro anos. Poderíamos trabalhar liderança, estratégia, organização, processo de tomada de decisão, etc.

b-) Criação de uma “empresa modelo”, seja ela agrícola, hospitalar, serviços ou comércio para aplicação efetiva dos conhecimentos adquiridos.

c-) Integração com outros cursos da UFMT como agronomia, florestal, veterinária, medicina, nutrição, educação, etc (as alternativas “b” e “c” podem estar juntas).

d-) Apoio intensivo a Fácil – Consultoria e a Arca Multincubadora permitindo um professor com dedicação às organizações.

e-) Busca de outros ambientes de ensino. Aumento das horas aula fora das salas tradicionais: Pesquisas, visitas técnicas, aulas-campo. (O Prof. João Carlos tem falado sobre o assunto).

f-) No primeiro ano aulas integradas com o curso de Ciências Contábeis, dedicadas as disciplinas comuns.

g-) Ampliação das salas de aula (o dobro do espaço) para o primeiro e segundo ano.

h-) Equipar todas as salas de aula com equipamentos multimídia + internet.

i-) Precisamos ter foco. Criarmos diferenciais em nosso currículo a fim de termos a pretensão de sermos reconhecidos nacionalmente. Continuaremos no geral e seremos mais um ou seremos gestores da selva, do gado, do ambiente, da micro e pequena empresa, da cooperação, do ensino a distância, enfim de quê?????

j-) Encaminhar a disciplina de Marketing para o terceiro ano de curso. Os discentes não apresentam amadurecimento profissional no segundo ano de curso.

Se pensar mais um pouco sai mais (risos), mas por enquanto basta.

Abraços.

May 26, 2008

Oi Pessoal! Na semana passada estive em Sorriso para ministrar o módulo de Gestão de Marcas no curso de Marketing e Gestão de Pessoal pela Faculdade de Sorriso. A cidade está fantástica. Gente bonita e cheirando a desenvolvimento.
Conversei com o taxista que me levou de volta a rodoviária e este me disse que nenhum de seus colegas, inclusive ele, faturou menos de R$ 5.000,00 durante o período de exposição que havia ocorrido na semana anterior. Ele morava em Sinop e não tem nenhum arrependimento de ter trocado o Si de Sinop pelo So de Sorriso.

Gostaria de ter encerrado o módulo com a poesia que transcrevo abaixo, mas eu e os alunos estavamos tão cansado que simplesmente esqueci. Vejam a profundez das palavras de Drumond sobre as marcas.

Abraços.

Elifas


Eu, etiqueta

Carlos Drummond de Andrade


Em minha calça está gravado um nome
que não é meu de batismo ou de cartório
um nome ... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
que nunca experimentei
mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo, minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo.
desde a cabeça ao bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordens de uso, abuso, reincidência,
costume, hábito, premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda
seja negar a identidade.
trocá-Ia por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim-mesmo,
ser pensante, sentinte e solidário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio,
ora vulgar ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória
de minha anulação.
Não sou - vê lá – anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
para anunciar, para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas
e bem á vista exibo esta etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum a comprometeu.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam,
e cada gesto, cada olhar,
cada vinco da roupa
resumia uma estética?
Hoje sou costurado, sou tecido,
sou gravado de forma universal,
saio de estamparia, não de casa,
da vitrine me tiram, recolocam,
objeto pulsante mas objeto
que se oferece curro signo de outros
objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
de ser não eu, mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem,
meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa, coisamente.